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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Rock n' Roll

Rock n' Roll
 Em homenagem ao dia do Rock que ocorreu nesta sexta-feira, dia 13, eis aqui os bichinhos mais rockeiros da internet



quinta-feira, 12 de julho de 2012

Vida de cão

Vida de cão
Nasci num terreno baldio. Esse aí defronte à residência na qual resido hoje. Tudo começou de um encontro amoroso entre meu pai e minha mãe, nesse mesmo terreno. Ele bonitão, forte, musculoso. Ela franzina e humilde. Logo que nasci, meu pai sumiu. Oficialmente, não sei quem ele é. Desde bebê, minha mãe é a única que cuida de mim. Alimento, carinho, lambidas. Minha cama era um amontoado de folhas secas (ainda bem que não faz muito frio neste país). Sugava leite e quando comecei a comer algo mais sólido, minha mãe me trazia comida conseguida nas latas de lixo das suntuosas casas vizinhas. Às vezes, até, restos de aves. Nas  noites frias, aninhava-me no seio e deixava-se ficar pensativa e distante. Tinha noites que eu acordava de madrugada e ficava  horas observando-a lamber Lua e estrelas. Olhar reticente como  Três Marias...
Um dia, logo pela manhã, máquinas da prefeitura, a pretexto de fazer a limpeza, expulsou-nos do nosso modesto lar: o terreno. Ficamos na rua da amargura. O abrigo que conseguimos foi debaixo de um carro, na garagem da casa em frente. Daí em diante, pareceu melhorar esta trágica história...
Contava a essa altura, dois meses de vida. Por sorte, eu e mamãe fomos muito bem tratadas pelos seres humanos ali residentes. De cara, deram-me leite de vaca para beber, enquanto "mami", de longe, hesitava em confiar neles. Pensei não ter mais nada a perder e optei pela confiança. Sempre fui o centro das  atenções, talvez pela minha pequenez. Porque me convinha, fingia gostar que  me carregassem, acarinhassem, apertassem.  Mas, sinceramente, nunca gostei. Toda beleza tem seu preço... Minha  cama passou a ser uma almofada de lã colorida. Minha mãe  não precisa mais se preocupar com comida para nós, pois sempre a temos nas horas certas e, com um pouquinho de olhar humilde, nas  mais variadas do dia. Pura mordomia...
Agora, olhem para mim. Uma gata burguesa com cara de  vira-latas. Não são todos os tipos de carne que como e, que mamãe não me ouça, até de rato tenho nojo. A única coisa que conservo de minhas origens é meu hobby: caçar pássaros. Minha mãe passou do anonimato à fama em fração de dias. É a "gata bem- sucedida" do bairro. E já anda, novamente, às voltas com meu pai, "aquele" (o bonitão!)... Ela não aprende mesmo. Eu até já havia pensado em entrar com uma ação de investigação de paternidade contra ele, visando o fornecimento de uma pensão alimentícia na base de quarenta por cento de suas caças mensais. Mas, depois do que vi ontem à noite (os dois no jardim...), resolvi deixar para lá.
É bom ser gata de família. Porém, às vezes, sinto-me humana demais, sufocando minha essência animal. Não que eu esteja pensando nisso, mas, outro dia, ouvi dizerem que vão me aplicar uma injeção anticoncepcional. Isso é um absurdo! Tenho direito de casar e ter quantos filhos desejar, ou não?!?...
Conheço uma música que diz: "nós, gatos, já nascemos pobres, porém já nascemos livres...". O gato é o único animal que para ser livre, tem que ser pobre. Não pode ter um lar decente sem que seja chateado. Mundo ingrato... Não há espaço para gatas inteligentes como eu. Só para as ingênuas como minha mãe, e as burras, que deixam os seres humanos fazer o que quiserem delas. A verdade é que já estou ficando cansada disso tudo. Os colos já estão me rejeitando, sob a alegação de que gato traz doenças. Pois sim! O único que me permite fazer uma sesta nas suas coxas é o humano-pai e, mesmo assim, o conforto é zero. Sua barriga saliente me empurra para os joelhos, além de alguns acidentes geográficos masculinos naturais... Fico mal acomodada, mas tenho que tolerar. Afinal, sou a “beleza” da casa....
Beth Filipetto

Gato Alarme 2

Gato Alarme 2

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Crônica: Todos os gatos são meus...

Todos os gatos são meus...

 Quase todas as manhãs eu a via, às vezes descendo o telhado do  casarão abandonado, outras indo na estrada que leva ao sítio mais à frente; mas agora está ali, fria, estendida sob um tapete de sangue no asfalto quente... Seu pêlo branco tem um brilho diferente, o sol lhe dá seu último presente e o vento a acaricia com um toque suave fazendo-lhe um último carinho.
 Não consigo tirar os olhos dela, seus olhos verdes me fitam como se estivesse me vendo como das outras vezes em que a encontrava. Todos passam por ela, não sentem nada, nem olham. Não consigo conter minhas lágrimas, sinto algo parado em minha garganta. Por que ninguém faz nada?
Ah, já fizeram. Tiraram-lhe a vida... Maldita seja a pressa de todos os carros do mundo!!! Ela estava sempre linda, com a liberdade estampada nos seus olhinhos verdes, parecia a dona da natureza, do vento, do sol, da vida, e agora nunca mais vai brincar com as borboletas na grama, tomar banho de sol, correr atrás do vento, subir o telhado do casarão. E eu, agora? Como vou sobreviver em minhas manhãs sem encontrá-la em meu caminho, como vou sorrir para sua liberdade?
 Às vezes, lhe dizia: "cuidado menina, não atravesse a rua! Te cuida! Quero te ver feliz, sempre assim!" Quem passava ficava rindo de mim, me achando louca. Ela nem ligava, se achava a dona do mundo, e era mesmo. Ela tinha todas as manhãs só para ela! E eu não tinha nada, nem a liberdade de minhas manhãs... Então, eu me embriagava em sua alegria, sua liberdade me contagiava, sua agilidade era minha. Acabou. O que faço sem ela? Em que páramo estará brincando com as borboletas? Que sol, que vento, que manhãs terá encontrado?
 Ela era minha e eu dela. Em minha imaginação todos os gatos são meus....
 
      Cida Sousa